O ministro da Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, citou o Brasil como país que não é submisso aos Estados Unidos, ao lado de China, Argentina, Índia e México.
“Esses países não querem estar em uma posição em que um Tio Sam ordena algo e eles só dizem ‘sim, senhor’”, alfinetou o chanceler russo.
Lavrov completou: “Há atores que nunca aceitariam uma aldeia global com um xerife americano”, disse. As declarações foram dadas em entrevista publicada na sexta-feira (18/3) pela emissora estatal russa RT.
O ministro russo acrescentou que a Rússia perdeu todas as ilusões sobre confiar no Ocidente, e Moscou nunca aceitará uma visão do mundo dominada pelos Estados Unidos.
Acordo para paz
A Rússia fez a primeira sinalização formal de que um acordo de cessar-fogo pode ocorrer em breve. A guerra, iniciada em 24 de fevereiro, tem deixado um rastro de devastação na Ucrânia.
Nesta sexta-feira, após mais uma rodada de negociações, o representante do governo russo, Vladimir Medinsky, admitiu que o possível pacto de paz está “no meio do caminho”.

A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho e evitar avanços de possíveis adversários nesse local
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país caso os ucranianos não desistissem da ideia
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território
AFP

Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo
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Questões sobre a neutralidade da Ucrânia e a exigência de que o país invadido não ingresse na Otan são as que estão mais alinhadas com a Rússia.
A autoridade russa disse ainda as duas nações discutem detalhes sobre as garantias de segurança para a Ucrânia, caso ela desista de entrar na entidade militar coordenada pelos Estados Unidos, e a desmilitarização do país.
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