Duas semanas após o início da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, o cenário no entorno do condomínio de luxo onde ele cumpre a medida, no bairro Jardim Botânico, é de tranquilidade e ausência de manifestações. A situação contrasta com momentos anteriores de sua trajetória política, quando qualquer medida judicial contra ele mobilizava centenas de apoiadores nas ruas.
Desde o dia 4 de agosto, Bolsonaro permanece recolhido em sua residência por determinação judicial. A medida está relacionada a investigações que apuram sua suposta participação em atos antidemocráticos, além de possíveis irregularidades administrativas e eleitorais durante seu mandato. Apesar da repercussão nacional, o local não registrou o movimento de caravanas, bandeiras ou discursos inflamados, tão comuns nos últimos anos.
Moradores da região afirmam que a segurança foi reforçada desde a decisão, mas sem provocar grandes alterações na rotina do bairro. Barreiras de acesso e a presença constante de policiais militares e federais garantem o monitoramento da área, enquanto curiosos e jornalistas circulam em número reduzido. “Está tudo muito calmo, bem diferente de quando ele ainda era presidente e passava por polêmicas. Agora não vemos aquela multidão”, relatou um morador que preferiu não se identificar.
A ausência de vigílias levanta questionamentos sobre a atual força de mobilização da base bolsonarista. Especialistas ouvidos por analistas políticos avaliam que o cenário pode indicar um enfraquecimento no engajamento popular ou uma possível estratégia de recuo temporário por parte dos aliados, diante do risco de novos atritos com a Justiça.
Ao longo de sua carreira política, Jair Bolsonaro sempre contou com apoio de militantes fiéis, capazes de organizar manifestações de grande porte em poucas horas. No entanto, o momento atual parece marcar uma mudança nesse comportamento, seja por desgaste político, seja por cautela diante das investigações em andamento.
Até o momento, a defesa do ex-presidente não comentou sobre sua rotina em prisão domiciliar, tampouco sobre as estratégias jurídicas para reversão da medida. A expectativa é de que novas movimentações no processo ocorram nas próximas semanas, o que pode reacender a mobilização de apoiadores ou confirmar a tendência de silêncio nas ruas.