Cerca de 199 quilômetros quadrados (km²) da Amazônia Legal estiveram sob alerta de desmatamento em fevereiro deste ano. O dado é do sistema Deter e foi divulgado nesta sexta-feira (10/3) pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Trata-se do maior indicador para o mês desde 2016, início da série histórica do Deter-B. Houve um aumento de 61% em comparação com fevereiro do ano passado.
“Os dois primeiros meses deste ano tiveram áreas recordes na série histórica. No acumulado, já são 629 km², mais do que o triplo do que foi observado no ano passado, quando 206 km² foram desmatados”, avalia o porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil, Rômulo Batista.
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Geralmente, o período entre dezembro e março costuma registrar baixos índices de desmatamento, devido ao tempo chuvoso na região.
“Esse aumento absurdo demonstra os resultados da falta de uma política de combate ao desmatamento e dos crimes ambientais na Amazônia, impulsionados pelo atual governo. A destruição não para”, acrescenta Batista.

A destruição de florestas na Amazônia alcançou um novo e alarmante patamar durante o governo Bolsonaro. O desmatamento no bioma aumentou 56,6% entre agosto de 2018 e julho de 2021, em comparação ao mesmo período de 2016 a 2018
Igo Estrela/Metrópoles

De acordo com a pesquisa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), mais da metade (51%) do desmatamento do último triênio ocorreu em terras públicas, principalmente (83%) em locais de domínio federal
Igo Estrela/Metrópoles

Dois anos após o “Dia do Fogo”, as queimadas na região voltaram a quebrar recordes anuais. Em 2020, a Amazônia Legal registrou o maior índice dos últimos nove anos (150.783 focos de fogo), um valor 20% maior que no ano anterior e 18% maior que nos últimos cinco anos
Igo Estrela/Metrópoles

Em 2019, Bolsonaro se envolveu em algumas polêmicas ao ser pressionado sobre as medidas para controlar a situação das queimadas na Amazônia. Na época, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que o mês de julho havia registrado um aumentos de 88% nos incêndios, em comparação com o mesmo período do ano anterior
Fábio Vieira/Metrópoles

O presidente da República questionou a veracidade das informações e chegou a afirmar que se o relatório fosse verdadeiro a floresta já estaria extinta. O diretor do instituto, Ricardo Galvão, acabou exonerado por conta da qualidade das informações divulgadas pelo órgão
Ricardo Fonseca/ASCOM-MCTIC

Bolsonaro chegou a culpar as Organizações não governamentais (ONGs) pela situação na floresta. Segundo o presidente, o objetivo era enviar as imagens para o exterior e prejudicar o governo
Fábio Vieira/Metrópoles

Diante da polêmica, o governo lançou edital com o intuito de contratar uma equipe privada para monitorar o desmatamento na Amazônia. O presidente também convocou um gabinete de crise para tratar das queimadas e prometeu tolerância zero com os incêndios florestais
Fotos Igo Estrela/Metrópoles

Porém, durante os três anos de governo de Jair Bolsonaro, as políticas ambientais foram alvo de críticas por conta dos cortes orçamentários, desmonte de políticas de proteção ambiental e enfraquecimento de órgãos ambientais
Reprodução

Em 2020, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o chefe do Executivo voltou a criar polêmicas ao declarar que os incêndios florestais eram atribuídos a “índios e caboclos” e disse que eles aconteceram em áreas já desmatadas. Além disso, Bolsonaro alegou que o Brasil é vítima de desinformação sobre o meio ambiente
Agência Brasil

No ano seguinte, Bolsonaro elogiou a legislação ambiental brasileira e o Código Florestal e enalteceu a Amazônia durante a assembleia. Além disso, disse que o futuro do emprego verde estava no Brasil
Agência Brasil

Em novembro de 2021, o presidente classificou as notícias negativas sobre a Amazônia como “xaropada”. Contudo, de acordo com o Inpe, a área sob risco tem 877 km², um recorde em relação à série histórica
Lourival Sant’Anna/Agência Estado

Durante um evento de investidores em Dubai, Jair disse que a Amazônia não pega fogo por ser uma floresta úmida e que estava exatamente igual quando foi descoberta em 1500
Agência Brasil

Posteriormente, em uma live, ele afirmou que alguns focos de incêndio durante os meses de inverno poderiam ser, na verdade, fogueiras de São João
Agência Brasil

Estudo do Ipham, divulgado em 2022. alerta que a tendência é que o desmatamento cresça ainda mais na Amazônia caso sejam aprovados projetos de lei que estão em discussão no Congresso. Segundo o instituto, esses textos preveem a regularização de áreas desmatadas e atividade de exploração mineral em terras indígenas
Ernesto Carriço/NurPhoto via Getty Images
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