A coluna LeoDias teve acesso e compartilha agora, com exclusividade, todas as páginas de um documento confidencial do Grupo Globo, que, por meio de investigação interna, teria comprovado o assédio de Marcius Melhem sobre Dani Calabresa e outras mulheres. Após a investigação e comprovação interna sobre o caso, o documento em questão foi enviado à Delegacia Especializada de Atendimento À Mulher, em 31 de janeiro deste ano.
Nele, é explicada a existência e funcionamento da Área de Compliance (área especializada da Globo para denúncias de assédio) e como, com base no Código de Ética e Conduta, Melhem infringiu suas regras.

Em dezembro de 2020, a Revista Piauí publicou uma matéria sobre o caso de assédio sexual e moral envolvendo Marcius Melhem. A reportagem traz detalhes de como era o comportamento do humorista nos bastidores da emissora
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Porém, em 2021, a reportagem foi proibida de ser veiculada pela Justiça do Rio de Janeiro, pois violava o sigilo do processo judicial. Quase um ano após a proibição, o caso teve novos desdobramentos
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De acordo com a investigação, entre 2010 e 2019, o humorista teve comportamentos impróprios e inadequados em diversas ocasiões, nos mais variados locais, entre eles, os Estúdios Globo
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No texto, a publicação descreve um episódio em que Melhem teria agarrado e tentado beijar uma atriz de Tá no Ar à força, num flat da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro
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A atriz é uma das oito mulheres – todas ex-subordinadas de Melhem na Globo – que acusaram o humorista de assediá-las sexualmente e, em alguns casos, moralmente
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Uma delas contou que no flat em que a Globo alugava para funcionar como redação do núcleo de humor, Melhem recebia atrizes de “cuecas, com as calças abaixadas ou sem calças”
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Outra disse que ele a chamava de “piranha” e propunha ter relações sexuais com as colegas de trabalho. Mais de uma das vítimas disse que foram profissionalmente boicotadas por terem resistido às investidas sexuais do artista
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Dani Calabresa foi uma das atrizes que acusou Marcius de assédio moral e sexual. Ela alega que desde que entrou na emissora, em 2015, sofreu diversos assédios e boicotes por parte de Melhem, que era seu chefe na época, como coordenador do Departamento de Humor
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Após as acusações de Calabresa, no final de 2019, o caso passou a ser investigado nos bastidores da emissora. Daniela Ocampo, auxiliar de Melhem, mobilizou a equipe de humor para assinar uma carta de apoio ao diretor, com 55 signatários
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Em março de 2020, a Globo emitiu uma nota afirmando que Marcius seria afastado das suas funções por quatro meses para acompanhar um tratamento da filha no exterior
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Após se passarem os meses de afastamento, a emissora emitiu outra nota comunicando a saída definitiva do diretor de humor. Porém, não houve nenhuma menção aos crimes que ele teria cometido
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Em depoimento na Delegacia de Atendimento à Mulher, Melhem negou as acusações e garantiu que sempre respeitou as mulheres com as quais trabalhou. Melhem recorreu diversas vezes à palavra “brincadeira” para se defender das acusações que as atrizes lhe fazem e disse que todas as práticas eram consensuais
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Segundo ele, as mulheres se juntaram a outras colegas com o objetivo de destruir sua reputação. Na opinião dele, trata-se de vingança profissional e até passional em um dos casos
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O caso ainda não tem previsão para ser encerrado e segue sendo investigado. Melhem, por decisão da Justiça, está proibido de tentar contato com as vítimas que o acusam e divulgar conversas privadas que tenha mantido com elas
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O comunicado ainda destaca o papel da coluna LeoDias nas denúncias do caso, em dezembro de 2019. É dito que, antes da reportagem-denúncia ser veiculada por este colunista, a Globo ainda não tinha conhecimento dos assédios.
“Inclusive, no presente caso, cumpre destacar que a Globo apenas tomou conhecimento das alegações de assédio envolvendo o ora investigado [Melhem] por ocasião da publicação de uma matéria jornalística pelo colunista Léo Dias”, escreveram.
Vale lembrar que em comentários sobre o ocorrido, enquanto negava os assédios, Melhem chegou a contar que transou com quatro atrizes diferentes, o que, para a Globo, já configurava como um desvio de caráter dentro das regras de Ética e Conduta, visto a posição hierárquica entre os envolvidos – Melhem era o diretor do núcleo de humor e as vítimas, atrizes do elenco -. No entanto, um detalhe que Marcius “esqueceu” de mencionar, é que ele era casado.
O documento da Globo é finalizado com uma descrição do que foi decidido como punição a Marcius diante das primeiras acusações, que, à época, ainda não haviam sido investigadas. A Globo ficou do lado das vítimas e, nas páginas que este espaço compartilha, fica evidente que a demissão de Melhem não foi feita em “comum acordo” com a empresa, como havia sido noticiado anteriormente.
Certos que Marcius Melhem, de fato, cometeu assédio com ex-colegas de trabalho, seu desligamento partiu da empresa, que ilustrou a permanência de Melhem na Globo como insustentável.
“Após o término do referido período de afastamento, a Globo decidiu pela rescisão do contrato de trabalho, entendendo que, diante da constatação de violação ao Código de Ética e Conduta do Grupo Globo pelo Sr. Marcius Melhem, a manutenção do contrato de trabalho tornou-se insustentável, considerando que a postura adotada pelo mesmo não condiz com os princípios e valores da empresa.”
Leia o documento na íntegra