O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou em ato com apoiadores neste domingo (30/10) que precisa saber se Jair Bolsonaro (PL) permitirá que “haja uma transição” de governo nos próximos dois meses.
“Eu gostaria de estar só alegre, mas eu estou metade alegre e metade preocupado, porque, a partir de amanhã, eu tenho que começar a me preocupar como é que a gente vai governar este país. Preciso saber se o presidente que nós derrotamos vai permitir que haja uma transição para que a gente tome conhecimento das coisas”, declarou.
“Eu talvez tire dois dias para descansar e depois vou começar a trabalhar porque eu já fui presidente, já ganhei a primeira e de todas as vitórias que eu tive, esta é a vitória mais consagradora porque nós derrotamos o fascismo”, disse. “O povo vai poder sorrir outra vez.”
O novo mandatário venceu Jair Bolsonaro (PL) neste domingo (30/10). A vitória foi confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) às 19h57, com 98,81% das urnas apuradas, quando o petista tinha 50,83% dos votos válidos (59.563.912), e Bolsonaro, 49,17% (57.627.462).
Bolsonaro ainda não admitiu a derrota e escolheu não se pronunciar. O presidente acompanhou a apuração da Granja do Torto, em Brasília, mas não fez a tradicional coletiva de imprensa após a divulgação do resultado.
Fábio Vieira/Metrópoles
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Vitória
Para vencer a disputa, a campanha de Lula vendeu seu nome como vacina contra suposta ameaça à democracia: a permanência no poder do presidente Bolsonaro. O titular do Planalto, por sua vez, “ajudou” na tática petista, ao questionar, durante todo o seu mandato, a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro, mesmo sem apresentar provas. A última pedrada bolsonarista contra o pleito foi cogitar adiamento do segundo turno devido à denúncia de que rádios teriam boicotado a campanha do presidente, que segue no cargo até o fim de dezembro.
Lula conseguiu se colocar na disputa como candidato de uma frente ampla, ao reunir em sua campanha antigos adversários – como seu próprio vice, o ex-tucano Geraldo Alckmin (hoje no PSB), contra quem concorreu em 2006.
Ao longo da corrida eleitoral, o petista angariou o apoio de diversos nomes, como, por exemplo: André Janones (Avante), que desistiu de concorrer ao cargo para apoiar o ex-presidente; o economista Henrique Meirelles, que criou o teto de gastos, tão criticado pelo próprio Lula; a ex-senadora Marina Silva, que havia rompido com o PT anos antes; os economistas do Plano Real; e o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, relator do inquérito do Mensalão.
O apoio de músicos, atores e influenciadores também foi essencial para a trajetória do presidente eleito. Inúmeros famosos nacionais e internacionais participaram de eventos da campanha de Lula e declararam o voto no petista, como Caetano Veloso, Felipe Neto, Valesca Popozuda e até o ator Mark Huffalo, que interpreta o Hulk.