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Sargento que ameaçou PM do DF com “fogo amigo” após beijo gay vira réu

Sargento que ameaçou PM do DF com “fogo amigo” após beijo gay vira réu

O sargento que ameaçou um outro policial militar com “fogo amigo” em um ato de homofobia contra um beijo gay vai responder pelo fato na esfera criminal. Astrogilson Alves de Freitas já havia sido condenado na esfera civil. Agora, a Justiça aceitou denúncia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e também vai julgar possíveis punições na 3ª Vara Criminal de Brasília.

O Tribunal de Justiça do DF (TJDFT) condenou o sargento, em setembro de 2021, a pagar R$ 5 mil de indenização ao soldado da PM Henrique Harrison da Costa, por ofensas de janeiro de 2020, após a vítima publicar uma foto beijando o namorado durante formatura na corporação. Henrique recorreu e também pediu ação na esfera criminal.

“Apesar de comentários como o desse policial terem me feito abandonar a PM e sair do país, o MP tem feito um trabalho impecável insistindo na esfera penal. A Justiça aos poucos vai sendo feita, deixando claro que você pode falar tudo o que quiser, desde que saiba que pagará pelos excessos”, comentou Henrique.

O juiz Omar Dantas Lima recebeu a denúncia criminal e intimou o acusado para apresentar defesa no prazo de dez dias. Segundo o MP, Astrogilson incorreu nos crimes do artigo 140, que fala sobre injuriar alguém, “ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro”, e artigo 147, sobre ameaças, ambos do Código Penal. O Ministério Público ainda cita a legislação mais recente que criminaliza atos de homofobia, após entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF).

Relembre o caso

O que era para ser um gesto de carinho entre casais, registrado em foto durante a formatura de praças, ganhou as redes sociais e passou a ser bombardeado por preconceito. Um áudio de um sargento da corporação escancara críticas.

A gravação circulou num grupo de policiais no WhatsApp, e o sargento ameaça o soldado Henrique com “fogo amigo”. No áudio, o PM de patente mais alta demonstra irritação. Ele se refere ao casal como “viadinhos”. Afirma ainda que não aceitará a presença do recém-formado em sua equipe.

“Numa guarnição minha, um cara desse não entra. Se entrar, já ouviu falar em fogo amigo? Vocês conhecem o fogo amigo. Fogo amigo não é só atirar nos outros, não. Nós todos já fomos ‘plotados’, já fomos sancionados. Tenho quase 30 anos [de carreira] e sabe que tem isso mesmo”, afirma.

O desabafo segue com ameaças de perseguição, mesmo após a decisão do comando da corporação de proibir manifestações sobre o assunto por qualquer membro da Polícia Militar.

“Antigamente, o cara não podia nem ser cachaceiro, que era queimado. Agora, ser viado, passar a mão na bunda e entrar de calcinha na viatura a gente vai aceitar? Porra nenhuma, meu irmão. Essa porra não mudou, não. A gente pode até ficar calado, mas tem outros jeitos de ‘sancionar’ esse tipo de situação”, ameaça.

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