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Boulos e Nunes insistem em estratégias pré-Marçal, mas avaliam novo cenário nos bastidores

Boulos e Nunes insistem em estratégias pré-Marçal, mas avaliam novo cenário nos bastidores

As principais estratégias traçadas por Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) na fase inicial da corrida à Prefeitura de São Paulo, quando se desenhava um embate direto entre ambos, sofreram apenas ajustes desde a disparada de Pablo Marçal (PRTB).

Mas, se publicamente as campanhas resistem a recalcular a rota e admiti-lo como protagonista, nos bastidores esse cenário é avaliado desde que o influenciador empatou com os rivais.

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As reações das equipes do deputado federal e do atual prefeito à mais recente pesquisa Datafolha, que trouxe Boulos (23%), Marçal (22%) e Nunes (22%) disputando vaga no segundo turno, foram sintomáticas. Auxiliares de Boulos e Nunes ficaram mais preocupados em analisar o desempenho do lado contrário e deixaram Marçal em segundo plano.

Em linhas gerais, a campanha do PSOL mantém a ideia de nacionalizar a eleição, opondo o candidato de Lula (PT) e o de Jair Bolsonaro (PL), com a adaptação de que não só Nunes, mas também Marçal, é bolsonarista. Em privado, aliados já cogitam a hipótese de um segundo turno contra o influenciador.

Para desconstruir a tática da esquerda, Nunes vem atuando em sentido contrário, ou seja, evita embarcar na ideologia e identificar-se como bolsonarista. Mesmo após o crescimento de Marçal, o prefeito tem repetido ser ele o candidato, e não Bolsonaro, que acumula 63% de rejeição na capital.

No caso do emedebista, seu entorno passou a agir reservadamente para tentar conter Marçal, principalmente por meio de conversas com a família Bolsonaro, enquanto pequenas mudanças apareceram na campanha apresentada ao público.

Ainda guiados pela chave da polarização, parte dos auxiliares de Boulos chega a aparentar empolgação com a possibilidade de enfrentar Marçal, um adversário mais radicalizado. Ainda assim, admite-se que seria uma eleição difícil. O discurso oficial é o de que a campanha não escolhe adversário.

O Datafolha reforçou a aposta de que um confronto com Marçal daria ao candidato apoiado por Lula uma possibilidade maior de vislumbrar vitória. Nas simulações do instituto, Boulos (45%) supera Marçal (39%), mas fica atrás (37%) de Nunes (49%).

Para se contrapor a Marçal, o emedebista passou a usar justamente o argumento de que é o único capaz de evitar o triunfo de Boulos e do que rotula como extrema esquerda. A pesquisa sobre segundo turno mostrou que Nunes (53%) também bateria o influenciador (31%).

A ordem no comitê de Boulos é avaliar a conjuntura nas próximas duas semanas para decidir sobre uma guinada. Tudo vai depender do quadro no campo à direita e das movimentações de Bolsonaro, que oficialmente apoia Nunes, mas mantém relação ambígua com Marçal.

Caso as pesquisas indiquem fortalecimento de Marçal, o antagonismo passará a ser com ele. Na ótica de colaboradores de Boulos, o racha no campo rival foi benéfico por implodir o plano de Nunes contra a existência de um candidato bolsonarista raiz e obrigar o prefeito a abraçar Bolsonaro.

Diante da indefinição, a orientação é persistir na linha de que Marçal e Nunes são “duas faces da moeda bolsonarista” e igualmente nocivos. O tom vem numa escalada. Vídeo publicado pelo candidato do PSOL nesta sexta-feira (6) chamou os dois de “violentos, incompetentes, criminosos, bolsonaristas”.

Empenhado em dissociar o deputado de qualquer traço de radicalismo, o comando da campanha rechaçou o que é descrito como “rolar na lama” com o neófito do PRTB, preferindo combatê-lo com ações na Justiça —a maioria com sentenças favoráveis— e críticas na internet, sem levá-las à propaganda de TV.

Questionados sobre a resistência a virar a chave da campanha para uma briga com Marçal, estrategistas do PSOL e do PT justificam que Nunes permanece competitivo nas pesquisas e margeia o favoritismo por deter a máquina e o maior tempo de TV e rádio, robustos 65%.

A presença maciça do candidato à reeleição no horário eleitoral foi o argumento central da campanha de Boulos para explicar o resultado de Nunes no Datafolha, com o prefeito oscilando 3 pontos para cima e aparentando avançar sobre eleitores visados pelo PSOL, como a faixa de até dois salários.

Na outra ponta, Nunes tem organizado sua campanha em torno das entregas da gestão sob a lógica de que uma boa aprovação se reverteria em votos. A tática que minimiza a ideologia e a polarização segue o argumento de que, em uma eleição municipal, o eleitor prioriza as condições da cidade.

Ao tirar o foco da política, Nunes tentou diluir a rejeição de Bolsonaro e delimitou sua influência à escolha do vice, Ricardo Mello Araújo (PL).

O prefeito, contudo, só viu aumentarem as cobranças de bolsonaristas para que ele adotasse uma agenda conservadora, sobretudo quando esse eleitorado passou a ter Marçal como alternativa.

Até aqui, estrategistas da campanha evitam essa virada e apontam que a aposta na cidade tem mantido Nunes na liderança, ainda que empatado. Eles afirmam que Nunes não é bolsonarista e que forçá-lo a esse papel seria pior.

Mais do que isso, emedebistas não querem depender de Bolsonaro como base da campanha. O ex-presidente até agora não se engajou na reeleição de Nunes e alterna sinais favoráveis e contrários ao prefeito —a resistência é, portanto, recíproca.

Entre a série de adaptações inevitáveis após Marçal, porém, está o diálogo mais intenso para convencer Bolsonaro a embarcar, o que tem sido feito por emissários como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Mello Araújo.

Outra consequência foi colar Nunes a Tarcísio, que tem sido o propagador da estratégia de voto útil para derrotar a esquerda.

Também houve ajustes nos debates, com Nunes adotando tom mais agressivo contra os dois rivais, e na propaganda, com peças críticas ao influenciador.

Nunes buscou ainda agradar o bolsonarismo em alguma medida ao, por exemplo, comparecer à manifestação do 7 de Setembro e gravar um vídeo com Eduardo para as redes sociais.

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